sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Diversidade brasileira será foco da Secretaria de Economia Criativa do Minc

Com o objetivo de trabalhar a diversidade cultural brasileira como potencial econômico, o Ministério da Cultura (Minc) criará, até o final de 2011, a Secretaria de Economia Criativa. O novo setor será o espaço do Governo Federal para pensar o desenvolvimento do país conforme as potencialidades locais de cada estado e município e, especialmente, os territórios de quilombos e aldeias indígenas.
A informação foi feita por Cláudia Leitão, futura secretária de Economia Criativa, no último dia do seminário Quilombo Vivo – Promover e Proteger o Patrimônio Cultural Quilombola. Segundo ela, a cultura abriu espaço a um novo modelo de economia que tem por base os eixos diversidade, inclusão, sustentabilidade e inovação.
“Somos um país rico em diversidade cultural, e isso não deve ser pensado apenas como identidade. É um potencial que precisa ser trabalhado como ativo econômico”, defende Cláudia que vê a cultura como insumo econômico capaz de possibilitar o resgate de tradições e valores que dão face à identidade negra.
Potencialidades – Mário Theodoro, secretário executivo de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), afirmou que o Brasil recebe duras críticas por ser uma nação multicultural. Para ele, é justo por conta da diversidade que o país mostre que economicamente está indo na direção certa e ressalta: “Nos últimos anos, o crescimento econômico tem contemplado mais a população negra. Isso é muito positivo, mas não quer dizer que temos que parar de pensar políticas públicas”.
Em concordância, Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da Fundação Cultural Palmares, destacou ainda a necessidade do diálogo entre as secretarias do próprio Minc para que as estratégias direcionadas aos quilombos funcionem.
Propostas para o desenvolvimento – Nego Bispo, quilombola de São João do Piauí, propôs que as comunidades impactadas por grandes projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tenham direito a um percentual dos lucros como reparação e apoio a auto-sustentabilidade. Como exemplo, ele citou o caso das comunidades maranhenses de Alcântara, vítimas de um choque cultural proporcionado pela criação do Centro de Lançamento Aeroespacial da Força Aérea Brasileira. Com a criação do Centro as comunidades foram transferidas de seus territórios ancestrais e tiveram de se reorganizar para a auto-sustentabilidade.
Isis Albuquerque, do Instituto de Artes Afro-Brasileiras, sugeriu a criação de um conselho fiscalizador que garanta a participação dos quilombolas na formulação de projetos para editais destinados às suas demandas. Outros quilombolas defenderam ainda a criação de editais específicos para as comunidades remanescentes de quilombos, a fim de garantir uma concorrência mais justa e a descentralização de recursos com a criação de frentes nas comunidades para que estas administrem o próprio orçamento de acordo com suas necessidades.
Por fim, Cláudia Leitão explicou os desafios a serem enfrentados pela nova secretaria: a aquisição de informações atualizadas das comunidades, capacitação dos grupos étnicos para o empreendedorismo, fomento tecnológico e social acessível aos grupos, infraestrutura para a produção, distribuição de bens para consumo local e para exportação, além da criação de marcos legais, que embasem a nova economia. “Não devemos pensar os quilombos e aldeias apenas como mantenedoras de bens imateriais e símbolos culturais. As perspectivas para o desenvolvimento auto-sustentável também precisam entrar nos debates”, concluiu.
por: Daiana Souza/MINC

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